Seria
viver eternamente, suportável para a consciência humana? Estar ciente de que
nunca irá deixará de existir, estar sempre consciente deste fato, creio que de
certa forma poderia nos causar uma fadiga psíquica. Nossa mente foi preparada
para períodos de consciência e de inconsciência. Por isto o sono é fundamental
para quer possamos continuar a viver nesta Terra de forma plena. Mas uma vida
eterna sempre consciente nos conduz a perguntas tais como, o que fazer perante
toda uma eternidade? Como entender que nunca, nunca mais, se deixaremos de
existir? Provavelmente esta vida como o passar do tempo, seja em qual
forma o mesmo se manifeste, nos deixaria enfastiado e com o desejo de
repousar nossa consciência.
Então, o ideal é que a morte seja
realmente o fim da pessoa? Deixar de existir consciente e definitivamente? Mas
como um ser que foi consciente de sua própria existência nunca mais terá
a consciência de ter existindo? Porque a natureza, que manifesta Sabedoria
e racionalidade em todas as suas obras, elevaria tal alto uma criatura para
fazê-la voltar ao nada? Perante a consciência individual do Eu, a morte é
um absurdo, embora aceita pela razão, nunca aceita pela pessoa. Mesmo que
entendamos que do ponto de vista material, esta é um processo natural e
necessário. Mas não o é para a razão, para a nossa consciência de indivíduos
pensantes. Se na natureza tudo o que é material se transforma, certo será
que o que é imaterial, com a racionalidade humana, também não seja destruída
com a morte; mas progrida sempre mais.
Parafraseado Paulo de Tarso, apóstolo
cristão, Ir de glória em glória, significaria também sempre
alcançar um nível superior, filosoficamente pensando. Sendo esta vida tão
breve não é a mesma suficiente para o nosso desenvolvimento pleno de toda
a nossa racionalidade. Se na natureza nada perde, mas tudo se transforma por
certo nossa consciência, não poderá regredir e voltar ao nada; também
progredirá. Provavelmente nosso estado de consciência aqui na terra seja
apenas o primeiro seguido de muitos outros estados conscientes após a nossa
morte. Teremos a Vida eterna, imortal, mas nem sempre estaremos
conscientes. Também será necessário períodos inconscientes, para o repouso da
razão. E novo despertar a cada período, para acumulo de mais aprendizado, de
maior conhecimento, num progredir sem fim, numa contemplação perene da Eternidade.
Vida Eterna com intervalos de consciência e inconsciência sem perda do nosso
eu; mas com acréscimo de novos conhecimentos aos já adquiridos. Eis como
ajustar a realidade de uma Vida Eterna, a uma consciência
também eterna, mas necessitando de repouso, para que esta mesma não se torne
insuportável.
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