segunda-feira, 2 de junho de 2008

RELIGIÃO NA MODERNIDADE


Inicialmente precisamos diferenciar Religião de Religiosidade. A Religião indica a forma cultural de expressarmos a religiosidade, que é pertinente à nossa natureza humana e se manifesta como busca, anseio, pelo o que é eterno, superior, o belo e o bom. Traduz também nosso sentimento de admiração, medo e espanto perante os mistérios da natureza e a busca Constante pela paz interna. A partir da religiosidade surge as expressões de ligação com o Superior ou Transcendente, ou seja, as religiões. Podemos afirmar que nunca houve uma sociedade sem uma característica religiosa. Iniciando com o culto rudimentar aos mortos e às forças da natureza a religião foi evoluindo e apresentou uma organização externa complexa com estas características: doutrinas, moral e rituais, para agradar os deuses ou a um Deus nacional ou tribal exclusivo.Com o progresso científico do século XIX a religião, particuramente em sua corrente cristã e católica que dominava no ocidente teve seus alicerces abalados, porque muitas de suas doutrinas consideradas verdades absolutas formas contraditadas pelas descobertas cientificas, dentre estas a narrativa da origem do homem, antes entendida tal como narra o livro dos Genesis. A Teoria da Evolução das Espécies formulou a hipótese que a principio colocava em questão a necessidade de um Criador onipotente para o surgimento do homem. As ideologias sociais explicavam as relações humanas baseadas unicamente na luta de classes e no materialismo histórico. A economia e não fé dominou a história e foi em busca de sobrevivência e do poder que as sociedades se organizaram fazendo surgir inclusive as próprias religiões e o Estado. O Ateísmo domina os meios científicos e as universidades, apresentando-se como evidencia de liberdade frente ao fanatismo e a crença ingênua. Deus deixa de ser o centro do universo e da vida social e em seu lugar fica a ciência e o próprio ser humano, este como resultado do acaso por meio da evolução.

Porem a Religião não morreu e as instituições tiveram também que se amoldar aos novos tempos. A Igreja Católica Romana segmento majoritário do Cristianismo renovou seus ritos e apresentou-se como uma outra linguagem para adaptar-se a nova mentalidade. O homem atual ainda pratica ritos religiosos, porem, não com intenção de livra-se de penas eternas ou por obediência a um poder constituído mas por uma necessidade que poderíamos afirmar unicamente pessoal.

As principais características da religião na modernidade principalmente na vertente cristã são:

Subjetivismo: Crença de acordo com a vontade e compreensão pessoal.

Individualismo: Relacionamento direto com a Divindade sem necessidade de intermediários.

Pragmatismo: Busca de satisfação pessoa aqui e agora. Não mais a esperança de vida melhor no outro mundo, mas bem estar pessoal e social neste mundo. Neste aspecto entenda-se com faceta da religiosidade os grupos de meditação, terapias alternativas e o movimento da Nova Era.

Se a Ciência não superou a Religião como fenômeno humano entendemos que é porque esta aflora em qualquer época como uma necedade própria de sua natureza. Se mudaram as formas de expressão, sem que a esta acabasse é porque permanece a sede de perfeição e, o que mais significativo, de eternidade para nós humanos.

Prof. Francisco Castro

Licenciado em Ciências Religiosas